A Mãe D'Água
A Mãe D'Água
O castigo da Mãe D’Água
O cunhado do motorista da funerária teve o atrevimento de entrar no igarapé e tirar uns galhos de árvore, deixando toda a sujeira pra trás. Nem sequer pediu licença à Mãe d’Água, nem sequer se desculpou pela bagunça que largou.
À noite, antes de dormir, sentiu uma lanhada no dorso, como se tivesse alguém com uma ripa açoitando-o sem dó. E depois outra, e mais outra, e mais outra. E foram tantas lanhadas que ele ficou largado no chão, com o corpo todo roxo de tanto apanhar.
Seus familiares tentavam acudir, mas em vão, nada se conseguia fazer, onde colocassem o moço, as lambadas o acertavam, não havia como se esconder daquele chicote severo, pois estavam lutando contra o invisível, porém um invisível que se materializara no éter para lhe aplicar o devido castigo pelo desrespeito à Mãe d’Água, a doce e severa Senhora das Águas Doces, que castiga os indisciplinados, os que ousam desrespeitar a natureza.
Dizem que até hoje o cunhado do motorista da funerária tem marcas da surra que tomou da Mãe d’Água.
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Outra da Mãe D’água
A mãe de uma vizinha me contou que ia passando pela margem de um rio, quando viu uma moça sentada em uma pedra, bem ao centro do rio. Seus cabelos eram negros como o petróleo e muito longos, tão longos que se despejavam por sobre as águas, abrindo-se em leque. Ela os penteava com muito capricho e os acariciava como se fossem todos fios de seda.
Tão logo a mãe da vizinha se aproximou, ela se atirou rio adentro, desaparecendo num redemoinho que se formou na água. Era a Mãe d’Água, a lenda viva dos rios amazônicos, que se faz presente em muitas ocasiões e, caprichosa, carrega pra dentro do rio aqueles que ousam olhar pro seu rosto, pois ela os encanta com sua beleza e os atrai como serpente encantadora de aves.
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